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segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Sagarana!

Livro de contos de Guimarães Rosa, que ficou em segundo em um concurso literário. O autor foi diminuindo as páginas ,de 500 para tresentose poucas, "enxugando" os contos até virar esse livro interessante que conta várias histórias do interior de Minas Gerais, Goias, entre outros estados brasileiros! LEIAM!!



1. O BURRINHO PEDRÊS

Sete de Ouro, um burrinho já idoso é escolhido para servir de montaria num transporte de gado. Um dos vaqueiros, Silvino , está com ódio de Badu , que anda namorando a moça de quem Silvino gostava . Corre o boato entre os vaqueiros, de que Silvino pretende vingar-se do rival. De fato Silvino atiça um touro e o faz investir contra Badu que , porém, consegue dominá-lo. Os vaqueiros continuam murmurando que Silvino vai matar Badu. A caminho de volta, este , bêbado , é o último a sair do bar e tem que montar no burro. Anoitece e Silvino revela a seu irmão o plano de morte. Contudo, na travessia do Córrego da Fome, que pela cheia transformara-se em rio perigoso, vaqueiros e cavalos se afogam . Salvam-se apenas Badu e Francolim , um montado e outro pendurado no rabo do burrinho.
"Sete de Ouros", burro velho e desacreditado, personifica a cautela, a prudência e a muito mineira noção de que nada vale lutar contra a correnteza.

2. TRAÇOS BIOGRÁFICOS DE LALINO SALÃTHIEL ou A VOLTA DO MARIDO PRÓDIGO :
Lalino “trabalha” no corte de terra para o aterro de uma estrada. Resolve ir para o Rio de Janeiro (Vai e se esbalda). Quando volta encontra a mulher (Maria Rita) amasiada com Ramiro um espanhol que lhe emprestrou um dinheiro para a viagem, pede ajuda a Oscar, filho do Major Anacleto, que lhe arranja um emprego de cabo eleitoral na campanha do Major. Lalino usa toda a sua lábia para convencer os eleitores e consegue. Assim o Major acaba expulsando os espanhóis e unindo Maria Rita e Lalino.

3. SARAPALHA
A sazão (febre/malária) avança por um povoado às margens do Rio Pará. As pessoas abandonam o povoado deixando tudo para trás, as que não se vão morrem. O Mato toma conta do povoado,Primo Argemiro e Primo Ribeiro observam a doença avançar em si mesmos. Ribeiro faz Argemiro prometer enterrá-lo no cemitério do povoado. Quando Ribeiro começa lembrar da esposa (que era sua prima Luísa) que fugiu com um boiadeiro. Argemiro amava a mulher do primo e desejava ter sido ele a fugir com ela, confessando ao primo que amava sua mulher e foi morar com eles por causa dela, mas sempre respeito o primo. Ribeiro ve isso como uma traição e expulsa o primo enquanto o tremor da maleita lhe atinge

4. DUELO
Turíbio é traído pela mulher com o ex-praça Cassiano Gomes. Ele quer vingar-se, mas mata por engano o inocente Levindo Gomes (irmão de Cassiano). Cassiano persegue Turíbio durante meses. Até que Turíbio vai para São Paulo, torcendo para que Cassiano morra do coração durante sua perseguição, pois este tinha problemas cardíacos. Enfim Cassiano morre do coração, por ter exigido demais de si mesmo durante a "caçada" de Turíbio. Antes de morrer contrata os serviços de um caboclo que lhe devia favores, um tal Timpim Vinte-e-um(Cassiano pagou um médico para o filho de Timpim, que estava doente). Turíbio recebe uma carta de sua esposa, avisando que Cassinno estava morto. Ao voltar de São Paulo, acompanhado por um sujeito franzino, ansioso para rever a mulher é assassinado pelo acompanhante que ero o próprio Timpim que o acompanhava para ter certeza da identidade da vítima.

5. MINHA GENTE
O protagonista-narrador vai passar uma temporada na fazenda de seu tio Emílio, no interior de Minas Gerais. Na viagem é acompanhada por Santana, inspetor escolar, e José Malvino. na fazenda, seu tio está envolvido em uma campanha política.O narrador testemunha o assassinato de Bento Porfírio, mas o crime não interfere no andamento da rotina da fazenda. O narrador tenta conquistar o amor da prima Maria Irma e acaba sendo manipulado pro ela e termina casando-se com Armanda, que era noiva de Ramiro Gouvea.
Maria Irma casa-se com Ramiro. Histórias entrecruzam-se na narrativa: a do vaqueiro que buscava uma rês desgarrada e que provocara os marimbondos contra dois ajudantes; o moleque Nicanor que pegava cavalos usando apenas artimanhas; Bento Porfírio assassinado por Alexandre Cabaça; o plano de Maria Irma para casar-se com Ramiro.
Mesmo contendo os elementos usuais dos outros contos analisados até aqui, este conto difere no foco narrativo na linguagem utilizada nos demais. O autor utiliza uma linguagem mais formal, sem grandes concessões aos coloquialismos e onomatopéias sertanejas. Alguns neologismos aparecem: suaviloqüência, filiforme, sossegovitch, sapatogorof - mas longe da melopéia vaqueira tão gosto do autor.
A novidade do foco narrativo em primeira pessoa faz desaparecer o narrador onisciente clássico, entretanto quando a ação é centrada em personagens secundárias – Nicanor, por exemplo - a onisciência fica transparente.
É um conto que fala mais do apego à vida, fauna, flora e costumes de Minas Gerais que de uma história plana com princípios, meio e fim. Os "causos" que se entrelaçam para compor a trama narrativa são meros pretextos para dar corpo a um sentimento de integração e encantamento com a terra natal.

OBS do Grupo: Doutor: O narrador é o protagonista. Só sabemos que é um "Doutor" por intermédio da fala de José Malvino, logo no início da narrativa: ( “Se o senhor doutor está achando alguma boniteza..."), fora isso, nem mesmo seu nome é mencioando. Notamos também que durante o conto é citado várias "jogadas" do xadres.

6. SÃO MARCOS
Calango Frito é o nome do povoado. José gosta de entrar na mata para caçar, observar a natureza e sempre que passa pela casa de João Mangolô provoca-o. Um dia caminhando pela mata encontra Aurísio Manquitola. Os dois comentam sobre a “Oração de São Marcos” que é capaz de atrair coisas ruins. Aurísio para provar esta teoria conta alguns causos :
• Gestal da Gaita : Silvério teve de pernoitar com Gestal. Gestal reza a Oração e parte para cima de Silvério com uma peixeira, Silvério desvia e Gestral começa a subir pelas paredes até bater a cabeça no teto e cair no chão sem lembrar de nada.
• Tião Tranjão : Amigado de mulherzinha; espezinhado por Cypriano que era amante de sua amásia. Gestal da Gaita com dó ensina a oração a Tião. Tião é acusado de ofender Filipe Turco e na cadeia apanha dos policiais. A meia-noite Tião reza a oração e consegue escapar, ir para casa e bater na amante, no amante da amante e quebrar a casa toda.
José, depois deste enontro com Aurísio, continua andando e se lembra da história dos bambus :

• José troca poesias com um “Quem-Será?”, usando os nós dos bambus para deixar as mensagem para seu interlocutor anônimo, chamado por ele de “Quem será?”
José segue caminhando pela floresta, descansa debaixo de uma árvore e repentinamente fica cego. Caminha desesperado pela mata e resolve rezar a oração de São Marcos. Feito isso deixa a floresta e chega a cabana de Mangolô descobrindo que este fizera um feitiço para deixa-lo cego a fim de lhe ensinar respeito. José ameaça matar o velho , mas volta a enxergar e resolve ter mais respeito pelo velho feiticeiro.

7. CONVERSA DE BOIS
O narrador abre a história contando um fato: houve um tempo em que os bichos conversavam entre eles e com os homens e põe em dúvida se ainda podem fazê-lo e serem entendidos por todos : "por você, por mim, por todo mundo, por qualquer filho de Deus?!"
Manuel Timborna diz que sim, e indagado pelo narrador se os bois também falam, afirma que "Boi fala o tempo todo", dispondo-se a contar um caso acontecido de que ele próprio sabe notícia. O narrador dispõe-se a escutá-lo, mas " só se eu tiver licença de recontar diferente, enfeitado e acrescentando pouco a pouco." Timborna concorda e inicia sua narração.
O narrador nos dirá que o fato começou na encruzilhada de Ibiúva, logo após a cava do Mata-Quatro, em plena manhã, por volta das dez horas, quando a irara Risoleta fez rodopiar o vento. A cantiga de um carro de bois começou a chegar, deixando ouvir-se de longe.
Tiãozinho, o menino guia, aparece na estrada: "(...) um pedaço de gente, com a comprida vara no ombro, com o chapéu de palha furado, as calças arregaçadas, a camisa grossa de riscado, aberta no peito(...) Vinha triste, mas batia ligeiro as alpercatinhas, porque, a dois palmos da sua cabeça, avançavam os belfos babosos dos bois de guia - Buscapé, bi-amarelo (...) Namorado, caracú sapiranga, castanho-vinagre tocado a vermelho.(...) Capitão, salmilhado, mais em branco que amarelo, (...) Brabagato, mirim malhado de branco e de preto. ( ...) Dançador, todo branco (...) Brilhante, de pelagem braúna, ( ...) Realejo, laranjo-botineiro, de polainas de lã branca e Canindé, bochechudo, de chifres semilunares(...)." O carreiro Agenor Soronho, "Homenzarrão ruivo, (...) muito mal encarado" é apresentado aos leitores. Lá vai o carro de bois, carregado de rapaduras, dirigido por Soronho que tinha um orgulho danado de nunca ter virado um carro, desviado uma rota. Quem ia triste era Tiãozinho, fungando o tempo inteiro, semi-adormecido pela vigília do dia anterior, deixava um fio escorrendo das narinas. Ia cabisbaixo e infeliz: o pai morrera na véspera e estava sendo levado de qualquer jeito:
"Em cima das rapaduras, o defunto. Com os balanços, ele havia rolado para fora do esquife, e estava espichado, horrendo. O lenço de amparar o queixo, atado no alto da cabeça, não tinha valido nada : da boca, dessorava um mingau pardo, que ia babujando e empestando tudo. E um ror de moscas, encantadas com o carregamento duplamente precioso, tinham vindo também."

8. CORPO FECHADO
O narrador , médico num vilarejo do interior , é convidado por Mané Fulô, para ser padrinho de casamento. Mané detesta qualquer tipo de trabalho e passa o tempo a contar histórias para o doutor: de valentões; de ciganos que ele, Mané, teria ludibriado na venda de cavalos; de sua rivalidade com Antonico das Pedras, o feiticeiro. Mané possui um cavalo, Beija- Fulô, e Antonico é dono de uma bela sela mexicana; cada um dos dois gostaria muito de adquirir a peça complementar. Aparece Targino o valentão do lugar, e anuncia cinicamente que vai passar a noite antes do casamento com a noiva de Mané. Este fica desesperado, ninguém pode ajudá-lo, pois Targino domina o lugarejo. Aparece então Antonico e propõe um trato a Mané : vai fechar-lhe o corpo, mas exige em pagamento o cavalo. Mané só pôde consentir. Em seguida, enfrenta Targino e o mata. O casamento realiza-se sem problema e Mané Fulô assume o posto de valentão, por ter matado Targino apenas com uma faquinha.

9. A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA
Nhô Augusto é o maior valentão de todo o lugar, gosta de briga e de deboche, tira as namoradas e mulheres de outros, não se preocupa nem com sua mulher nem com sua filha e deixa sua fazenda arruinar-se, Um dia sobrevém o castigo : A mulher o abandona, seus capangas, mal pagos, põem-se a serviço de seu maior inimigo. Nhõ Augusto quer vingar-se mas não morre. Todo ferido, é encontrado por um casal de pretos que o tratam; aos poucos se restabelece. Matraga começa, então uma vida penitência, com os velhinhos vai longe até um lugarejo bem afastado e lá trabalha duramente de manhã a noite, é manso servidor para todo mundo, reza e se arrepende de sua vida anterior. Um dia , passa o bando do destemido jagunço Joãozinho Bem- Bem, que é hospedado por Matraga com grande dedicação. Quando o chefe dos jagunços lhe faz a proposta de integrar-se à tropa e reber ajuda deles, Matraga vence a tentação e recusa. Quer ir para o céu, "nem que seja a porrete" , e sonha com um "Deus valentão" . Um dia, já recuperada a sua força, despede-se dos velhinhos. Chega a um lugarejo onde reencontra o bando de Joãozinho Bem- Bem, prestes a executar uma cruel vingança contra a família de um assassino que fugira. Augusto Matraga opõe-se ao chefe dos jagunços. No duelo ambos se matam. Nessa hora , Nhõ Augusto é identificado por seus antigos conhecidos.
O fragmento que vai se vai ler é a apresentação de Nhõ Augusto. Observe que o personagem tem três nomes: Matraga, Augusto Esteves e Nhõ Augusto. São três os lugares , em que trascorrem as fases de sua vida- Murici, onde vive inicialmente como bandoleiro; O Tombador, onde faz penitência e se arrepende da vida de perversidade ; e o Rala Coco , onde encontra sua hora e vez, duelando com Joãozinho Bem- Bem. Pela estrutura narrativa, pela riqueza de sua simbologia e pelo tratamento exemplar concedido à luta entre o bem e o mal e às angústias, que essa luta provoca em cada homem durante toda a vida , este conto é considerado o mais importante de Sagarana.
"Eu sou pobre, pobre, pobre,vou-me embora, vou- me embora.Eu sou rica, rica, ricavou-me embora, daqui..."(Cantiga Antiga)
"Sapo não pula por boniteza,mas porém, por precisão!"(Provérbio Capiau)
Matraga não é Matraga, não é nada. Matraga é Esteves. Augusto Esteves, filho do Coronel Afonsão Esteves das Pindaíbas e do Saco da Embira . Ou Nhô Augusto - O homem - nessa noitinha de novena, nim lilão de atrás de igreja, no arraial da Virgem Nossa Senhora das Dores do Córrego do Murici.

Termina com a mensagem de que todos temos nossa hora e nossa vez.